domingo, 17 de junho de 2012

Educação e Poder, introdução à Pedagogia do Conflito, Moacir Gadotti.••.


O livro trás textos ou capítulos que tem como objetivo fazer uma reflexão detalhada centradas na pedagogia do conflito, que nada mais é do que uma prática pedagógica onde se procura descobrir e expor os conflitos do cotidiano escolar tratando-os de forma consciente ao invés de ocultá-los. A apresentação textual dar-se em três partes que se complementam perfeitamente trazendo diretrizes para uma filosofia da educação e discorrendo sobre a prática pedagógica e a postura do educador ao longo da historia da educação brasileira abordando posturas pedagógicas tradicionais e atuais. Trata-se de abordagens criticas e objetivas também a respeito da história da educação brasileira de modo geral, destacando a fase da educação colonizadora, com sua maneira de ensino voltada para a submissão, a obediência e para a manutenção do autoritarismo do colonizador constituindo este período como o principio de uma sociedade desigual, de modo que este modelo de política educacional deixa marcas de exclusão social, e nega frequentemente o direito à educação de qualidade de grande parte da população. Assim, durante todo o seu processo de modernização e desenvolvimento, a educação está efetivamente ligada aos interesses das classes dominantes, que a utilizam para a satisfação de seus interesses próprios. Nessa pedagogia, o educador tem por função policiar a educação para que não se desvie da ideologia do dominador. Contudo, em uma pedagogia contraria, onde surge a  pedagogia do conflito o educador reassume na sua pratica um papel eminentemente crítico: ou seja  à construção opressor-oprimido, acrescenta a consciência da contradição, formando pessoas conscientes (educação para a autonomia), desobediente, capazes de assumir seu papel cidadã,  participando da construção de uma sociedade mais livre. O livro trata também  sobre questões do capitalismo e do pensamento de  Marx, dos aparelhos ideológicos do Estado, da educação passiva a fim de “enganar/amansar/docilizar” as pessoas  e consequentemente  a sociedade. Partindo do principio que a educação é um ato político,  devemos  ter consciência da importância do ensino de filosofia nas escolas, contudo esta  filosofia necessita ser  desenvolvida de maneira   critica e ativa, para que assim, possamos  atingir a meta da ação x reflexão x ação  para a construção de uma sociedade mais justa, afinal, educação é poder.Após estas considerações, cada um de nós, educadores, deve ter a consciência que o desafio é grande, pois é preciso que exista uma mudança de postura,  de valores, de atitudes,  onde é primordial haver uma  revolução interior e social,  a partir da  conscientização  de que é por meio do exercício democrático que estaremos encontrando e construindo um novo caminho para nós e para a educação brasileira  refletindo sobre os erros e acertos do passado em prol de um futuro melhor, mais solidário e mais justo para todos.
Eis o filólogo Gadotti a expressar-se no esforço de esclarecer o sentido que faz da utilização da palavra perspectiva:
Para iniciar, verifica-se o significado da palavra "perspectiva". A palavra "perspectiva" vem do latim tardio "perspectivas", que deriva de dois verbos: perspecto, que significa "olhar até o fim, examinar atentamente"; e perspicio, que significa "olhar através, ver bem, olhar atentamente, examinar com cuidado, reconhecer claramente" (Dicionário Escolar Latino-Português, de Ernesto Faria). A palavra "perspectiva" é rica de significações. Segundo o Dicionário de filosofia, do filósofo italiano Nicola Abbagnano, perspectiva seria "uma antecipação qualquer do futuro: projeto, esperança, ideal, ilusão, utopia. O termo exprime o mesmo conceito de possibilidade, mas de um ponto de vista mais genérico e que menos compromete, dado que podem aparecer como perspectivas coisas que não têm suficiente consistência para serem possibilidades autênticas". Para o Dicionário Aurélio, muito conhecido entre nós, brasileiros, perspectiva é a "arte de representar os objetos sobre um plano tais como se apresentam à vista; pintura que representa paisagens e edifícios à distância; aspecto dos objetos vistos de certa distância; panorama; aparência, aspecto; aspecto sob o qual uma coisa se apresenta ponto de vista; expectativa, esperança". Perspectiva significa ao mesmo tempo enfoque, quando se fala, por exemplo, em perspectiva política, e possibilidade, crença em acontecimentos coincide perspectivas é falar de esperança no futuro.
Para tal desafio de mudança é necessário que haja um compromisso político (não um compromisso político partidário, mas um compromisso de postura de vida), um apoio da população, que viabiliza alternativas, fazendo da escola um local democrático, competente e de participação efetiva da sociedade. É neste sentido que a proposta da Escola Cidadã formula uma a Pessoal e o autoritarismo eram práticas de uma estrutura social que se apoiava nas atividades econômicas.
É neste contexto de lutas, contra a dominação de uma classe em detrimento a outra, que a educação chega até hoje. Principalmente por meio da luta por uma educação democrática e cidadã.
GADOTTI,Moacir.Educação e poder:introdução á pedagogia do conflito.11º  Ed.São Paulo:Cortez,1998.

                     Moacir Gadotti
Nascimento
Nacionalidade
brasileiro
Ocupação
pedagogo, professor, escritor
Moacir Gadotti (Rodeio, 1 de outubro de 1941) é professor titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) desde 1991 e o atual diretor do Instituto Paulo Freire em São Paulo.
Gadotti é licenciado em Pedagogia e Filosofia, mestre em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra (Suíça) e livre docente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Possui várias publicações voltadas para a área de educação entre elas: Educação e poder. (Cortez, 1988), Paulo Freire: Uma bibliografia (Cortez, 1996), Pedagogia da Terra (Petrópolis, 2000) e Educar para um Outro Mundo Possível (Publisher Brasil, 2007).

quinta-feira, 14 de junho de 2012






                                             UNIVERSIDADE SALVA







                        PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA  III






                                            



                                              Seabra,
                                                    2012
                        GILMARA MENDES DA SILVA
   LUCIDALVA ANJOS TEIXEIRA
   MARIA REGINA



                        PESQUISA E PRÁTICA PEDAGÓGICA  III

 Atividade solicitada pelo professor Antônio Carlos de Almeida Gouveia Filho, aos alunos do 3º Semestre de Pedagogia – Licenciatura/ Pólo Seabra, como requisito para avaliação da disciplina de Pesquisa e Prática Pedagógica III.
                                                                                                                    



           

                                                   

                                                  


                                                    


                                                    Seabra,                       
             2012
                    PEDAGOGIA DAS DIFERENÇAS NA SALA DE AULA

Essa obra aborda muito as linhas gerais da pedagogia e o sociólogo Philippe Perrenoud relatam sobre a pedagogia das diferenças, os seus trabalhos é sobre o mecanismo que leva a escola a trabalhar com transformações, desigualdade social e cultural, em desigualdade escolar. Trabalho pedagógico e na formação, de professores, político de educação e formação, ele reforça que a pedagogia diferenciada não volta às costas para o objetivo primordial da escola, mas de tentar garantir que todos os alunos tenham acesso a uma cultura.
 Perrenoud considera a pedagogia das diferenças como uma forma de luta contra o fracasso escolar e o insucesso escolar ele afirma que as desigualdades biológica, psicológica, socioeconômicas e culturais transformam-se em desigualdade de aprendizagem e de escola ou pela maneira de lidar com as diferenças. Perrenoud (1991, 1992) afirma que a pedagogia das diferenças requer uma avaliação formativa. Ele pergunta por quê? Formativa?Simplesmente porque é uma avaliação que objetiva melhorar a formação; sua preocupação não é classificar, dar notas, punir ou recompensar, mas ajudar o aluno a aprender.
Marta Maria P. Darcier ela faz uma crítica sobre a avaliação do ensino fundamental, que puni, classifica e define o destino do aluno e sugere reverter esse processo de avaliação para um sentido positivo, para sustentação da aprendizagem. As reflexões desses autores nos levam a ter clareza de que a revisão das práticas avaliativa não é tarefa simples, nem vai se dar  de um dia para o outro. É uma tarefa complexa que vai exigir mudanças profundas nas relações de sala de aula. Ele também alerta os professores para o fato de que a constatação de ter que aprender a olhar para essa múltipla determinação e avaliar o seu poder precisa movimentar criticamente na sua sala de aula, aprender a olhar para cada aluno e não para um todo. Nesta obra as autoras também discutem entre outros temas, o uso do diário como instrumento de avaliação, e trabalha com erros e as atividades de reforço no período de ensino fundamental que é de inúmera importância nessas séries. A autora relata que trabalhar com diário é uma forma de aprendizagem tanto para os alunos quanto paras os professores, além de mostrar para eles as dificuldades de cada aluno.     A atual tendência das políticas de ensino básico é a ampliação, do espaço educativo, que trouxeram á escola novos questionamentos. Um deles seria a habilidade de lidar, de forma mais democrática, com a diversidade individual e cultural presente na classe, pois neste contexto de mudanças, o educador deveria assumir-se como o gestor da aprendizagem do aluno, conhecendo com mais clareza tais processo, construindo melhores registros de seus percursos, desenvolvendo estratégia que rever a função que o erro cumpre no processo de ensino-aprendizagem faz parte de uma nova prática avaliativa. Luckesi, ao recomendar que a avaliação deixe de ter uma função meramente classificatória e punitiva e passa a ter uma função de diagnostico do nível de apropriação da cultura elaborada por parte dos alunos.
  A avaliação impulsionadora ela promete melhoria no ensino e considera que a aprendizagem é um processo e não um acúmulo de informação, e ao abordar o tema avaliação de investigação didática, está referindo à possibilidade de conhecer os processos de aprendizagem dos alunos com o objetivo de reorganizar atividades de ensino, ajustando-as aprendizagem. Com isso a avaliação torna uma aliada do professor, por esse meio o professor pode acompanhar o processo de ensino aprendizagem dos alunos. Esse tipo de avaliação fornece ao professor várias informações sobre o andamento do processo educativo, permite a avaliação de se próprio, do seu trabalho.
  O diário como instrumento de avaliação e de investigação didática, foi utilizado em dois momentos diferentes; Na reflexão sobre as concepções de avaliação que encontra das professoras sobre suas experiências com esse trabalho. Na reflexão sobre a implantação dos projetos de mudanças, nas práticas avaliativas, que contem reflexos dos professores sobre a tentativa de mudanças com base nas novas concepções.
Revela-se igualmente importante para a tomada de consciência das dificuldades e dos avanços. Neste projeto não era usado apenas os diários dos alunos, mas também os dos professores para registrar tudo que ocorria sobre os seus projetos. 


Como afirma Luckesi (1995), a escola pratica uma avaliação da culpa.  Porém, é importante aprender a ver o erro como normal, aprender a interpretá-lo, libertando-o de todo caráter negativo e punitivo, passando a utilizá-lo de forma mais construtiva e produtiva, como um indicador privilegiado para dar uma ajuda personalizada ao percurso escolar. Na análise das praticas observadas possibilitou a visualização de marcas de um ensino centrado no professor na transmissão do conhecimento, não apenas avaliar por avaliar, “avaliar não é julgar e sim ajudar”, o que se quer dizer é que a avaliação pode cumprir funções distintas: uma controladora, que exigem rigor na comprovação dos objetivos alcançados, e outra formativa, que dá os resultados em caráter orientador nessas dimensões, o professor não julga apenas, mas informa e reorienta, se for preciso, sua estratégia docente. Conhecer o pensamento dos alunos a respeito de seus erros é uma atividade enriquecedora para o professor. Uma forma possível seria o professor adotar uma atitude reflexiva diante do erro do aluno, procurando não só compreender o erro dentro de um contexto de ensino, mas também compreender o aluno que erra. Portanto no estudo em questão, é necessário diferenciar e tornar o erro do aluno um problema para o professor, de tal forma que ele seja levado ao incessante movimento de reinvenção do ensino, assumindo, uma atitude iniquidora diante dos novos desafios pedagógicos. Com base nos trabalhos de erros é, prioritariamente, engajar os alunos no processo de correção decidindo com eles novas regras e novos critérios e utilizando novos instrumentos de avaliação. Pois os novos conhecimentos didáticos que surgirão a partir desta reflexão certamente irão subsidiar o professor no trabalho de organizar situações- problema ajustadas aos níveis e as possibilidades dos alunos e desenvolver um clima de cooperação e compreensão em sala de aula visando à melhoria do individuo, neste sentido a escola ajuda o cidadão a superar o sentimento negativo sobre o erro, dando ao aluno a liberdade de aprender, sem culpa e sem medo humanizando a sua existência.  
Ao dialogar com professores, nota-se uma grande dificuldade de lecionar nas classes multisseriadas e alunos com diferentes idades. Antes de apontar o dedo acusador para escolas e professores, é preciso reconhecer que trabalhar com a heterogeneidade existente em uma sala de aula é realmente tarefa difícil. Se considerarmos, além de tudo as condições de trabalho dos professores é o fato de que a escola pública não tem sido, via de regra, um espaço propício a reflexão e ao debate sobre o trabalho pedagógico. Tais dificuldades podem agravar-se com a implantação dos diversos sistemas públicos de ensino, da organização curricular em ciclos.
Eliminada essa barreira, a diversidade nos níveis de aprendizagem dos alunos em cada sala de aula tende a aumentar. Caso as escolas e os professores não consigam se organizar para lidar de forma adequada com essa diversidade, propostas que se pretendiam democratizantes podem se tornar ao contrário instrumentos de discriminação, reduzindo ainda mais as afetivas possibilidades de acessos de muitos alunos ao conhecimento. O papel do professor envolve intimamente o compromisso profissional com a aprendizagem dos alunos buscando todos os meios possíveis para ensinar. Um instrumento importante nesse processo de reflexão é a avaliação, na verdade, como podemos perceber nas várias descrições de situações de sala de aula, a uma avaliação constante, que faz parte do processo de ensino. Essa capacidade de perceber e utilizar a diversidade de saberes que existe na sala de aula permite ainda o educador um equilíbrio entre o rotineiro, ou seja, os esquemas de trabalho que proporcionaram certa organização. Esse movimento permite o funcionamento harmonioso do coletivo, na sala de aula.
Os professores nos dias de hoje tem se pensado mais em desenvolver atividades que interaja o todo, a vivência de cada aluno, pois estamos vivendo uma escola democrática. E estar tornando o olhar mais voltado para as diferenças pedagógicas ou cooperativas, como propõe Phillippe Perrenoud (1995), significa compreender que elas só tem força se provocarem, no espírito do aluno e no dos professores, uma outra construção de sentido.
Os professores estão sempre buscando novos desenvolvimentos no campo da educação para se tornarem profissionais mais capacitados para tornarem seus alunos cada vez mais preparados para a grande sociedade. Mas ainda não se conseguiu uma forma de buscar soluções para enfrentar a problemática da formação e para ensinar com base na vivência de cada um. É através dessa formação pode trabalhar vários conteúdos como: a identidade, as fases da vida, era a preocupação comum em desenvolver um projeto que alcance o sucesso das crianças. Por exemplo, uma professora iniciante começou a avaliar a sua própria prática de ensino e pode perceber que havia alunos diferenciados e assim passou a realizar atividades diferenciadas para cada tipo de aluno e ao ter uma nova visão de sua sala de aula. A professora passou a desenvolver um bom trabalho e os alunos um bom desenvolvimento através de cada atividade desenvolvida em sala de aula. O planejamento é indispensável para um bom desempenho em sala de aula, mediando ao educador uma análise mais aprofundada da situação de seus alunos, proporcionando uma melhor qualidade no ensino aprendizagem. Nesse conteúdo se vê falar muito na matemática de começar-se trabalhar desde as séries iniciais e do bom desempenho que os alunos apresentam. Nesse subtema também entrou as fases da vida que as crianças desempenharam muito bem, que era falar sobre a gravidez até o nascimento, organizando cartazes. A partir de trabalhos como este o educador pode perceber o conhecimento que cada aluno já traz consigo mesmo, e motivar que cada aluno se interesse cada vez mais pelos conteúdos trabalhados. Diante da abordagem em relação o ensino aprendizagem conclui-se que aprender a ensinar é um processo que vai se consolidando no exercício profissional, ou seja, a prática pedagógica fornece pistas fundamentais para a construção do conhecimento do docente, realizando assim uma aprendizagem mais sólida e autônoma na vida do educando.

                                    PHILLIPE PERRENOUD

                  

O sociólogo suíço Phillipe Perrenoud é uma referência essencial para os educadores no Brasil pelo fato de suas ideias pioneiras e vanguardistas sobre a profissionalização de professores e a avaliação de alunos serem hoje consideradas fonte única para todos os pesquisadores em educação e assessores em políticas educacionais, estando na base, inclusive, dos Novos Parâmetros Curriculares Nacionais e do programa de Formação e Professores Alfabetizadores do MEC (PROFA), estabelecidos pelo MEC.
Phillipe Perrenoud é sociólogo suíço, professor na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação na Universidade de Genebra, autor de vários títulos importantes na área de formação de professores, hoje considerados leitura obrigatória para os profissionais do ensino. Perrenoud é um dos educadores mais conhecidos por suas obras e por suas ideias pioneiras sobre a avaliação em sala de aula e sobre profissionalização do professor. Autor de “Avaliação – Da excelência à regulação das aprendizagens” e “Construir as competências desde a escola”, “Pedagogia diferenciada” e o best-seller “Dez novas competências para ensinar”.

OBS: O livro é organizado por vários autores, mas o referencial teórico comum nesta coletânea é a pedagogia das diferenças de Phillipe Perrenoud, que traz uma abordagem importantíssima para a educação, um pilar de grande valia para a formação do indivíduo na sociedade. Por ser um teórico tão renomado, decidimos escrever um  pouco sobre a sua história de vida e a sua contribuição para a formação do educador para um ensino de qualidade.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Pedagogia das diferenças na sala de aula / Marli André (org.) - Campinas, SP: Papirus, 1999. – (Série Prática Pedagógica

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Paulo Freire



Paulo Freire

Paulo Freire: educador reconhecido internacionalmente pelo método de alfabetização
Introdução 
Paulo Régis Neves Freire, educador pernambucano, nasceu em 19/9/1921 na cidade do Recife. Foi alfabetizado pela mãe, que o ensina a escrever com pequenos galhos de árvore no quintal da casa da família. Com 10 anos de idade, a família  mudou para a cidade de Jaboatão.
Biografia 
Na adolescência começou a desenvolver um grande interesse pela língua portuguesa. Com 22 anos de idade, Paulo Freire começa a estudar Direito na Faculdade de Direito do Recife. Enquanto cursava a faculdade de direito, casou-se com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira. Com a esposa, tem teve cinco filhos e começou a lecionar no Colégio Oswaldo Cruz em Recife.
No ano de 1947 foi contratado para dirigir o departamento de educação e cultura do Sesi, onde entra em contato com a alfabetização de adultos. Em 1958 participa de um congresso educacional na cidade do Rio de Janeiro. Neste congresso, apresenta um trabalho importante sobre educação e princípios de alfabetização.
No começo de 1964, foi convidado pelo presidente João Goulart para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização. Logo após o golpe militar, o método de alfabetização de Paulo Freire foi considerado uma ameaça à ordem, pelos militares.Viveu no exílio no Chile e na Suíça, onde continuou produzindo conhecimento na área de educação. Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, foi lançada em 1969. Nela, Paulo Freire detalha seu método de alfabetização de adultos. Retornou ao Brasil no ano de 1979, após a Lei da Anistia.
Durante a prefeitura de Luiza Erundina, em São Paulo, exerceu o cargo de secretário municipal da Educação. Depois deste importante cargo, onde realizou um belo trabalho, começou a assessorar projetos culturais na América Latina e África. Morreu na cidade de São Paulo, de infarto, em 2/5/1997.

Obras do educador Paulo Freire:
• A propósito de uma administração. Recife: Imprensa Universitária, 1961.
• Conscientização e alfabetização: uma nova visão do processo. Estudos Universitários – Revista de Cultura da Universidade do Recife. Número 4, 1963: 5-22.
• Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1967.
• Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1970.
• Educação e mudança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1979.
• A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez Editora, 1982.
• A educação na cidade. São Paulo: Cortez Editora, 1991.
• Pedagogia da esperança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1992.
• Política e educação. São Paulo: Cortez Editora, 1993.
• Cartas a Cristina. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1974.
• À sombra desta mangueira. São Paulo: Editora Olho d’Água, 1995.
• Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.
• Mudar é difícil, mas é possível (Palestra proferida no SESI de Pernambuco). Recife: CNI/SESI, 1997-b.
• 
Pedagogia da indignação. São Paulo: UNESP, 2000.
• Educação e atualidade brasileira. São Paulo: Cortez Editora, 2001.

                          PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
                          SABERES NECESSÁRIOS Á PRÁTICA EDUCATIVA

Capítulo I – “Não há docência sem discência”

Neste capítulo Paulo Freire critica as formas de ensino tradicionais. Defende uma pedagogia fundada na ética, no respeito, na dignidade e na autonomia do educando. Questiona a função de educador autoritário e conservador, que não permite a participação dos educandos, suas curiosidades, insubmissões, e as suas vivências adquiridas no decorrer da vida e do seu meio social. Coloca vários argumentos em prol de um ensino mais democrático entre educadores e educandos, tendo em vista que somos seres inacabados, em constante aprendizado. Todo indivíduo seja educadores ou educandos devem estar abertos a curiosidade, ao aprendizado durante seu percurso de vida. Nesse sentido destaca a importância dos educadores e suas práticas na vida dos alunos. Atitudes, palavras, simples fatos advindos do professor poderão ficar marcados pelo resto da vida de uma pessoa contribuindo positivamente ou não para o seu desenvolvimento. Enfatiza a cautela quando o assunto é educar, pois educar é formar. Destaca a importância do educador e sua metodologia. Ressalta que o educador deve estar aberto também a aprender e trocar experiências com os educandos, pois a vivência dos educandos merece respeito. Em seus métodos atuais enfatiza que a curiosidade dos educandos é um aspecto positivo para o aprendizado, pois é um fator importante para o desenvolvimento da criticidade. O ensino dinâmico desenvolve a curiosidade sobre o fazer e o pensar sobre o fazer. Paulo Freire destaca a necessidade do respeito, compreensão, humildade e o equilíbrio das emoções entre educadores e educandos em seus métodos de ensino.

Capítulo II – “Ensinar não é transferir conhecimento”

No capítulo 2 Paulo Freire aborda a questão da ética entre educador e educando. Discursa sobre a prática de ensinar. “Ensinar não é transferir conhecimento”, é respeitar a autonomia e a identidade do educando. Para passar conhecimento o educador deve estar envolvido com ele, para envolver os educandos. Deve estimular os alunos a desenvolverem seus pensamentos. Fornece argumentos mostrando que desta forma é possível o desenvolvimento da crítica. Ele se volta para a teoria do pensar certo. Constata as diferenças de forma de tratamento às pessoas em relação ao seu nível social. Educar é também respeitar as diferenças sem discriminação, pois esta é imoral, nega radicalmente a democracia e fere a dignidade do ser humano. Qualquer forma de discriminação deve ser rejeitada. Aborda alguns conceitos que são necessários para o desempenho do bom ensino tendo por conseqüência maior aproveitamento no aprendizado. A ética, o bom senso, a responsabilidade, a coerência, a humildade, a tolerância são qualidades de um bom educador. Ele também aborda a questão do professor defender seus direitos e exigir condições para exercer sua docência, pois dessa forma estará exercendo sua ética e respeito por si mesmo e pelos alunos.















 Capítulo III – “Ensinar é uma especificidade humana”

No capítulo 3 Paulo Freire aborda o tema da autoridade do educador. É muito importante a segurança e o conhecimento do professor para se fazer respeitado. Distingue a autoridade docente democrática da autoridade docente mandonista. Protesta em relação à minimização da população mais carente quanto à imposição de colocá-los em situações ditas como fatalísticamente imutáveis pela sociedade mais favorecida, com o objetivo de obter alienação, resignação e conformismo. Traça argumentos a favor da recriação de uma sociedade menos injusta e mais humana. Aponta que o professor exerce uma grande importância para que haja um movimento de mudança social. Delineia algumas atitudes de atuação do professor em sala de aula que podem fazer florescer uma nova consciência aos futuros educandos. Mostra que há necessidade de decisão, ruptura e escolhas para alcançar os objetivos. Como professor critico impõem a decência e a ética como fatores qualitativos para obter o respeito dos alunos , e estes acompanhá-los. Os professores têm uma séria responsabilidade social e democrática. Estes devem abstrair-se da sua ignorância para escutar os educandos, sem tolí-los. Indica que há uma necessidade de mudanças na postura dos profissionais para enfim colaborar com a melhoria de condições e qualidade de vida, e assim desarticular qualquer forma de discriminação e injustiça, pois a educação é uma especificidade humana que intervém no mundo. Traça aspectos necessários aos educadores para dar oportunidade aos educandos de desenvolverem sua criatividade, o senso de crítica, respeito, e liberdade. Demonstra que a pedagogia da autonomia deve estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e responsabilidade. Critica as atividades consideradas anti- humanistas. Discute também sobre a intervenção da globalização que vem robustecendo a riqueza de uns poucos e verticalizando a pobreza de milhões. A preocupação com o lucro deixa a desejar as questões de ética e solidariedade humanas. Inclusive Paulo Freire cita que o desemprego no mundo não é uma fatalidade como muitos querem que acreditemos e sim o resultado de uma globalização da economia e de avanços tecnológicos, deixando de ser algo a serviço e bem estar do homem.



                   PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
                 SABERES NECESSÁRIOS Á PRÁTICA EDUCATIVA

O livro pedagogia da autonomia trata especificamente da formação docente, refletindo sobre a prática educacional, elencando ideias que demonstram maturidade, simplicidade e possibilidades que a educação tem enquanto ação transformadora. No início da obra o autor deixa claro que tanto os educadores progressistas quanto os conservadores, necessitam de saberes que fazem parte da reflexão dos docentes, para que façam de sua prática uma educação crítica, e do ato pedagógico um ato político. No capítulo seguinte cita que “ensinar não é transferir conhecimentos”, pois o conhecimento é adquirido com a busca constante do ser humano através dos tempos. Enfoca a importância do saber ouvir, respeitar as diversidades e aceitar sugestões, para que haja a troca de conhecimentos; auxiliando os educandos a se tornarem cidadãos que tenham a criticidade aguçada e saibam reconhecer seus direitos e deveres. Ensinar exige especificidade humana, se o educador não se disponibiliza a estudar alegando não ter tempo ou insatisfação de qualquer natureza não faz sentido estar no meio educacional, uma vez que a profissão exige acima de tudo, dedicação, comprometimento e responsabilidade, pois lecionar é uma das mais árduas e importantes tarefas. Alguns docentes acabam se tornando autoritários para disfarçar a sua incompetência profissional, pois não conseguem compreender o próximo como seres pensantes, acham que todas as outras pessoas são incapazes, logo não tem autonomia para ensinar. A responsabilidade ética deve ser prática constante dos professores e a reflexão crítica exige respeito aos saberes dos educandos, a aceitação do novo e a rejeição de qualquer forma de discriminação.
O compromisso com a construção da cidadania, através da prática educacional tem sido uma das grandes preocupações da humanidade. É impossível perceber a atual sociedade sem uma educação que esteja voltada para a reflexão crítica, a formação cidadã, longe de preconceitos e discriminações, que instiga uma sociedade mais justa e igualitária para todos.
O papel da instituição escolar na atual sociedade deve está pautado na formação crítica e reflexiva dos estudantes. Além disso, a aprendizagem carece ser uma descoberta e necessidade dos próprios alunos, que com a mediação do professor deve perceber qual a aplicabilidade do que está sendo aprendido na sala de aula com o seu cotidiano, e tudo isso pode ser adquirido através de pesquisas, considerando sempre o senso comum que cada educando traz quando vem para a escola, pois é esse conhecimento popular que vai embasar o conhecimento científico, facilitando assim a aprendizagem.
Todo educador deve ter o compromisso com a ética e com o respeito aos saberes dos educandos, para isso, necessário se faz uma formação continuada em que o professor aprenda a desenvolver sua criticidade política, o respeito as diversidades culturais, étnicas, religiosas, entre outras., Bem como ser exemplo de atitudes e ações que condizem com a realidade em que ele está inserido.
Uma das grandes exigências do contexto educacional, diz respeito à formação de professores que estão atuando nas escolas públicas e privadas. A grande maioria dos educadores é herdeira de uma educação tradicional em que o ensino conteudista era muito valorizado, e o professor considerado como único detentor do saber.  Atualmente, esse profissional vem mudando essa postura, uma vez que tem buscado qualificação profissional, pois já percebeu que é impossível não acompanhar as evoluções da atual sociedade.
A prática reflexiva é um importante instrumento transformador que implica o pensar certo, induz o educador a analisar as conseqüências de uma prática abusiva e autoritária, o que já não é mais permitido no atual contexto democrático e participativo em que as escolas estão arraigadas. Acontece que, para realizar essa reflexão crítica, o docente carece estar apto a compreender, aceitar e se adequar as constantes transformações pelas quais vem passando o processo educacional. Estar aberto às novas propostas educacionais, compreendendo que a sua profissão é imprescindível para que às transformações sociais aconteçam de fato, é papel de todo educador, pois os ideais de mudanças devem nascer na sala de aula, para a partir daí, tomar horizontes que saiam do imaginário para a realidade local.
Diante de um mundo globalizado, se faz urgente novas técnicas educacionais que possam suprir as necessidades que surgem na atual sociedade, uma vez que as informações chegam em tempo real e imediatamente. Não é mais concebido que, com a agilidade dos novos meios de comunicação, a escola continue utilizando apenas o livro didático e o quadro de giz para instruir conhecimentos, concorrendo com a agilidade com que circulam as informações na Internet. É necessário, adequar a instituição aos novos tempos, utilizando todos os meios possíveis para aproximar a escola da realidade e preparar os profissionais em educação para refletirem sobre essa realidade a qual a escola se encontra. Um exemplo de obra que vem auxiliar os docentes é o livro A pedagogia da autonomia, saberes necessários à prática educativa, de Paulo Freire que auxilia os educadores a refletirem sobre a sua prática pedagógica e elaborar questões que amplie o respeito às diversidades, à reflexão crítica vinculadas ao cotidiano dos indivíduos e propostas de transformação social que coloca o homem consciente como peça fundamental, para que as aspiradas modificação ocorram.
A disponibilidade para o diálogo é uma das exigências que o autor menciona como padrão de profissional democrático e participativo. Ao citar “como professor não devo poupar oportunidade para testemunhar aos alunos a segurança com que me comporto ao discutir um tema, ao analisar um fato, ao expor minha posição em face de uma decisão governamental. Minha segurança não repousa na falsa suposição de que sei tudo, de que sou o“maior”. Minha segurança se funda na convicção de que sei algo e de que ignoro algo a que se junta a certeza de que posso saber melhor o que já sei e conhecer o que ainda não sei”, (p.135) enfoca a intensidade  que tem o docente, ao perceber que não é necessário sentir vergonha por desconhecer algo, que é possível se preparar para  inovar a cada dia, e aprender a todo tempo, desde que haja estimulo para que isso aconteça.
Nessa obra, Freire enfatiza a importância de uma educação sem preconceitos, que esteja a serviço do pensar consciente e que as ações transformadoras possam estar freqüentemente presentes e embasadas na ética, na justiça e na paz entre os povos, pois só assim, a tão almejada mudança social acontecerá, produzindo mais igualdade e respeito.




Bibliografia
FREIRE, Paulo Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

EQUIPE: Alexandre Teixeira dos Santos, Neviton Reis de Souza, Nilda Pinheiro Fraga, Roseane Alves de Sousa