domingo, 17 de junho de 2012

Educação e Poder, introdução à Pedagogia do Conflito, Moacir Gadotti.••.


O livro trás textos ou capítulos que tem como objetivo fazer uma reflexão detalhada centradas na pedagogia do conflito, que nada mais é do que uma prática pedagógica onde se procura descobrir e expor os conflitos do cotidiano escolar tratando-os de forma consciente ao invés de ocultá-los. A apresentação textual dar-se em três partes que se complementam perfeitamente trazendo diretrizes para uma filosofia da educação e discorrendo sobre a prática pedagógica e a postura do educador ao longo da historia da educação brasileira abordando posturas pedagógicas tradicionais e atuais. Trata-se de abordagens criticas e objetivas também a respeito da história da educação brasileira de modo geral, destacando a fase da educação colonizadora, com sua maneira de ensino voltada para a submissão, a obediência e para a manutenção do autoritarismo do colonizador constituindo este período como o principio de uma sociedade desigual, de modo que este modelo de política educacional deixa marcas de exclusão social, e nega frequentemente o direito à educação de qualidade de grande parte da população. Assim, durante todo o seu processo de modernização e desenvolvimento, a educação está efetivamente ligada aos interesses das classes dominantes, que a utilizam para a satisfação de seus interesses próprios. Nessa pedagogia, o educador tem por função policiar a educação para que não se desvie da ideologia do dominador. Contudo, em uma pedagogia contraria, onde surge a  pedagogia do conflito o educador reassume na sua pratica um papel eminentemente crítico: ou seja  à construção opressor-oprimido, acrescenta a consciência da contradição, formando pessoas conscientes (educação para a autonomia), desobediente, capazes de assumir seu papel cidadã,  participando da construção de uma sociedade mais livre. O livro trata também  sobre questões do capitalismo e do pensamento de  Marx, dos aparelhos ideológicos do Estado, da educação passiva a fim de “enganar/amansar/docilizar” as pessoas  e consequentemente  a sociedade. Partindo do principio que a educação é um ato político,  devemos  ter consciência da importância do ensino de filosofia nas escolas, contudo esta  filosofia necessita ser  desenvolvida de maneira   critica e ativa, para que assim, possamos  atingir a meta da ação x reflexão x ação  para a construção de uma sociedade mais justa, afinal, educação é poder.Após estas considerações, cada um de nós, educadores, deve ter a consciência que o desafio é grande, pois é preciso que exista uma mudança de postura,  de valores, de atitudes,  onde é primordial haver uma  revolução interior e social,  a partir da  conscientização  de que é por meio do exercício democrático que estaremos encontrando e construindo um novo caminho para nós e para a educação brasileira  refletindo sobre os erros e acertos do passado em prol de um futuro melhor, mais solidário e mais justo para todos.
Eis o filólogo Gadotti a expressar-se no esforço de esclarecer o sentido que faz da utilização da palavra perspectiva:
Para iniciar, verifica-se o significado da palavra "perspectiva". A palavra "perspectiva" vem do latim tardio "perspectivas", que deriva de dois verbos: perspecto, que significa "olhar até o fim, examinar atentamente"; e perspicio, que significa "olhar através, ver bem, olhar atentamente, examinar com cuidado, reconhecer claramente" (Dicionário Escolar Latino-Português, de Ernesto Faria). A palavra "perspectiva" é rica de significações. Segundo o Dicionário de filosofia, do filósofo italiano Nicola Abbagnano, perspectiva seria "uma antecipação qualquer do futuro: projeto, esperança, ideal, ilusão, utopia. O termo exprime o mesmo conceito de possibilidade, mas de um ponto de vista mais genérico e que menos compromete, dado que podem aparecer como perspectivas coisas que não têm suficiente consistência para serem possibilidades autênticas". Para o Dicionário Aurélio, muito conhecido entre nós, brasileiros, perspectiva é a "arte de representar os objetos sobre um plano tais como se apresentam à vista; pintura que representa paisagens e edifícios à distância; aspecto dos objetos vistos de certa distância; panorama; aparência, aspecto; aspecto sob o qual uma coisa se apresenta ponto de vista; expectativa, esperança". Perspectiva significa ao mesmo tempo enfoque, quando se fala, por exemplo, em perspectiva política, e possibilidade, crença em acontecimentos coincide perspectivas é falar de esperança no futuro.
Para tal desafio de mudança é necessário que haja um compromisso político (não um compromisso político partidário, mas um compromisso de postura de vida), um apoio da população, que viabiliza alternativas, fazendo da escola um local democrático, competente e de participação efetiva da sociedade. É neste sentido que a proposta da Escola Cidadã formula uma a Pessoal e o autoritarismo eram práticas de uma estrutura social que se apoiava nas atividades econômicas.
É neste contexto de lutas, contra a dominação de uma classe em detrimento a outra, que a educação chega até hoje. Principalmente por meio da luta por uma educação democrática e cidadã.
GADOTTI,Moacir.Educação e poder:introdução á pedagogia do conflito.11º  Ed.São Paulo:Cortez,1998.

                     Moacir Gadotti
Nascimento
Nacionalidade
brasileiro
Ocupação
pedagogo, professor, escritor
Moacir Gadotti (Rodeio, 1 de outubro de 1941) é professor titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) desde 1991 e o atual diretor do Instituto Paulo Freire em São Paulo.
Gadotti é licenciado em Pedagogia e Filosofia, mestre em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra (Suíça) e livre docente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Possui várias publicações voltadas para a área de educação entre elas: Educação e poder. (Cortez, 1988), Paulo Freire: Uma bibliografia (Cortez, 1996), Pedagogia da Terra (Petrópolis, 2000) e Educar para um Outro Mundo Possível (Publisher Brasil, 2007).

Um comentário: