sexta-feira, 8 de junho de 2012

Paulo Freire



Paulo Freire

Paulo Freire: educador reconhecido internacionalmente pelo método de alfabetização
Introdução 
Paulo Régis Neves Freire, educador pernambucano, nasceu em 19/9/1921 na cidade do Recife. Foi alfabetizado pela mãe, que o ensina a escrever com pequenos galhos de árvore no quintal da casa da família. Com 10 anos de idade, a família  mudou para a cidade de Jaboatão.
Biografia 
Na adolescência começou a desenvolver um grande interesse pela língua portuguesa. Com 22 anos de idade, Paulo Freire começa a estudar Direito na Faculdade de Direito do Recife. Enquanto cursava a faculdade de direito, casou-se com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira. Com a esposa, tem teve cinco filhos e começou a lecionar no Colégio Oswaldo Cruz em Recife.
No ano de 1947 foi contratado para dirigir o departamento de educação e cultura do Sesi, onde entra em contato com a alfabetização de adultos. Em 1958 participa de um congresso educacional na cidade do Rio de Janeiro. Neste congresso, apresenta um trabalho importante sobre educação e princípios de alfabetização.
No começo de 1964, foi convidado pelo presidente João Goulart para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização. Logo após o golpe militar, o método de alfabetização de Paulo Freire foi considerado uma ameaça à ordem, pelos militares.Viveu no exílio no Chile e na Suíça, onde continuou produzindo conhecimento na área de educação. Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, foi lançada em 1969. Nela, Paulo Freire detalha seu método de alfabetização de adultos. Retornou ao Brasil no ano de 1979, após a Lei da Anistia.
Durante a prefeitura de Luiza Erundina, em São Paulo, exerceu o cargo de secretário municipal da Educação. Depois deste importante cargo, onde realizou um belo trabalho, começou a assessorar projetos culturais na América Latina e África. Morreu na cidade de São Paulo, de infarto, em 2/5/1997.

Obras do educador Paulo Freire:
• A propósito de uma administração. Recife: Imprensa Universitária, 1961.
• Conscientização e alfabetização: uma nova visão do processo. Estudos Universitários – Revista de Cultura da Universidade do Recife. Número 4, 1963: 5-22.
• Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1967.
• Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1970.
• Educação e mudança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1979.
• A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez Editora, 1982.
• A educação na cidade. São Paulo: Cortez Editora, 1991.
• Pedagogia da esperança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1992.
• Política e educação. São Paulo: Cortez Editora, 1993.
• Cartas a Cristina. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1974.
• À sombra desta mangueira. São Paulo: Editora Olho d’Água, 1995.
• Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.
• Mudar é difícil, mas é possível (Palestra proferida no SESI de Pernambuco). Recife: CNI/SESI, 1997-b.
• 
Pedagogia da indignação. São Paulo: UNESP, 2000.
• Educação e atualidade brasileira. São Paulo: Cortez Editora, 2001.

                          PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
                          SABERES NECESSÁRIOS Á PRÁTICA EDUCATIVA

Capítulo I – “Não há docência sem discência”

Neste capítulo Paulo Freire critica as formas de ensino tradicionais. Defende uma pedagogia fundada na ética, no respeito, na dignidade e na autonomia do educando. Questiona a função de educador autoritário e conservador, que não permite a participação dos educandos, suas curiosidades, insubmissões, e as suas vivências adquiridas no decorrer da vida e do seu meio social. Coloca vários argumentos em prol de um ensino mais democrático entre educadores e educandos, tendo em vista que somos seres inacabados, em constante aprendizado. Todo indivíduo seja educadores ou educandos devem estar abertos a curiosidade, ao aprendizado durante seu percurso de vida. Nesse sentido destaca a importância dos educadores e suas práticas na vida dos alunos. Atitudes, palavras, simples fatos advindos do professor poderão ficar marcados pelo resto da vida de uma pessoa contribuindo positivamente ou não para o seu desenvolvimento. Enfatiza a cautela quando o assunto é educar, pois educar é formar. Destaca a importância do educador e sua metodologia. Ressalta que o educador deve estar aberto também a aprender e trocar experiências com os educandos, pois a vivência dos educandos merece respeito. Em seus métodos atuais enfatiza que a curiosidade dos educandos é um aspecto positivo para o aprendizado, pois é um fator importante para o desenvolvimento da criticidade. O ensino dinâmico desenvolve a curiosidade sobre o fazer e o pensar sobre o fazer. Paulo Freire destaca a necessidade do respeito, compreensão, humildade e o equilíbrio das emoções entre educadores e educandos em seus métodos de ensino.

Capítulo II – “Ensinar não é transferir conhecimento”

No capítulo 2 Paulo Freire aborda a questão da ética entre educador e educando. Discursa sobre a prática de ensinar. “Ensinar não é transferir conhecimento”, é respeitar a autonomia e a identidade do educando. Para passar conhecimento o educador deve estar envolvido com ele, para envolver os educandos. Deve estimular os alunos a desenvolverem seus pensamentos. Fornece argumentos mostrando que desta forma é possível o desenvolvimento da crítica. Ele se volta para a teoria do pensar certo. Constata as diferenças de forma de tratamento às pessoas em relação ao seu nível social. Educar é também respeitar as diferenças sem discriminação, pois esta é imoral, nega radicalmente a democracia e fere a dignidade do ser humano. Qualquer forma de discriminação deve ser rejeitada. Aborda alguns conceitos que são necessários para o desempenho do bom ensino tendo por conseqüência maior aproveitamento no aprendizado. A ética, o bom senso, a responsabilidade, a coerência, a humildade, a tolerância são qualidades de um bom educador. Ele também aborda a questão do professor defender seus direitos e exigir condições para exercer sua docência, pois dessa forma estará exercendo sua ética e respeito por si mesmo e pelos alunos.















 Capítulo III – “Ensinar é uma especificidade humana”

No capítulo 3 Paulo Freire aborda o tema da autoridade do educador. É muito importante a segurança e o conhecimento do professor para se fazer respeitado. Distingue a autoridade docente democrática da autoridade docente mandonista. Protesta em relação à minimização da população mais carente quanto à imposição de colocá-los em situações ditas como fatalísticamente imutáveis pela sociedade mais favorecida, com o objetivo de obter alienação, resignação e conformismo. Traça argumentos a favor da recriação de uma sociedade menos injusta e mais humana. Aponta que o professor exerce uma grande importância para que haja um movimento de mudança social. Delineia algumas atitudes de atuação do professor em sala de aula que podem fazer florescer uma nova consciência aos futuros educandos. Mostra que há necessidade de decisão, ruptura e escolhas para alcançar os objetivos. Como professor critico impõem a decência e a ética como fatores qualitativos para obter o respeito dos alunos , e estes acompanhá-los. Os professores têm uma séria responsabilidade social e democrática. Estes devem abstrair-se da sua ignorância para escutar os educandos, sem tolí-los. Indica que há uma necessidade de mudanças na postura dos profissionais para enfim colaborar com a melhoria de condições e qualidade de vida, e assim desarticular qualquer forma de discriminação e injustiça, pois a educação é uma especificidade humana que intervém no mundo. Traça aspectos necessários aos educadores para dar oportunidade aos educandos de desenvolverem sua criatividade, o senso de crítica, respeito, e liberdade. Demonstra que a pedagogia da autonomia deve estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e responsabilidade. Critica as atividades consideradas anti- humanistas. Discute também sobre a intervenção da globalização que vem robustecendo a riqueza de uns poucos e verticalizando a pobreza de milhões. A preocupação com o lucro deixa a desejar as questões de ética e solidariedade humanas. Inclusive Paulo Freire cita que o desemprego no mundo não é uma fatalidade como muitos querem que acreditemos e sim o resultado de uma globalização da economia e de avanços tecnológicos, deixando de ser algo a serviço e bem estar do homem.



                   PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
                 SABERES NECESSÁRIOS Á PRÁTICA EDUCATIVA

O livro pedagogia da autonomia trata especificamente da formação docente, refletindo sobre a prática educacional, elencando ideias que demonstram maturidade, simplicidade e possibilidades que a educação tem enquanto ação transformadora. No início da obra o autor deixa claro que tanto os educadores progressistas quanto os conservadores, necessitam de saberes que fazem parte da reflexão dos docentes, para que façam de sua prática uma educação crítica, e do ato pedagógico um ato político. No capítulo seguinte cita que “ensinar não é transferir conhecimentos”, pois o conhecimento é adquirido com a busca constante do ser humano através dos tempos. Enfoca a importância do saber ouvir, respeitar as diversidades e aceitar sugestões, para que haja a troca de conhecimentos; auxiliando os educandos a se tornarem cidadãos que tenham a criticidade aguçada e saibam reconhecer seus direitos e deveres. Ensinar exige especificidade humana, se o educador não se disponibiliza a estudar alegando não ter tempo ou insatisfação de qualquer natureza não faz sentido estar no meio educacional, uma vez que a profissão exige acima de tudo, dedicação, comprometimento e responsabilidade, pois lecionar é uma das mais árduas e importantes tarefas. Alguns docentes acabam se tornando autoritários para disfarçar a sua incompetência profissional, pois não conseguem compreender o próximo como seres pensantes, acham que todas as outras pessoas são incapazes, logo não tem autonomia para ensinar. A responsabilidade ética deve ser prática constante dos professores e a reflexão crítica exige respeito aos saberes dos educandos, a aceitação do novo e a rejeição de qualquer forma de discriminação.
O compromisso com a construção da cidadania, através da prática educacional tem sido uma das grandes preocupações da humanidade. É impossível perceber a atual sociedade sem uma educação que esteja voltada para a reflexão crítica, a formação cidadã, longe de preconceitos e discriminações, que instiga uma sociedade mais justa e igualitária para todos.
O papel da instituição escolar na atual sociedade deve está pautado na formação crítica e reflexiva dos estudantes. Além disso, a aprendizagem carece ser uma descoberta e necessidade dos próprios alunos, que com a mediação do professor deve perceber qual a aplicabilidade do que está sendo aprendido na sala de aula com o seu cotidiano, e tudo isso pode ser adquirido através de pesquisas, considerando sempre o senso comum que cada educando traz quando vem para a escola, pois é esse conhecimento popular que vai embasar o conhecimento científico, facilitando assim a aprendizagem.
Todo educador deve ter o compromisso com a ética e com o respeito aos saberes dos educandos, para isso, necessário se faz uma formação continuada em que o professor aprenda a desenvolver sua criticidade política, o respeito as diversidades culturais, étnicas, religiosas, entre outras., Bem como ser exemplo de atitudes e ações que condizem com a realidade em que ele está inserido.
Uma das grandes exigências do contexto educacional, diz respeito à formação de professores que estão atuando nas escolas públicas e privadas. A grande maioria dos educadores é herdeira de uma educação tradicional em que o ensino conteudista era muito valorizado, e o professor considerado como único detentor do saber.  Atualmente, esse profissional vem mudando essa postura, uma vez que tem buscado qualificação profissional, pois já percebeu que é impossível não acompanhar as evoluções da atual sociedade.
A prática reflexiva é um importante instrumento transformador que implica o pensar certo, induz o educador a analisar as conseqüências de uma prática abusiva e autoritária, o que já não é mais permitido no atual contexto democrático e participativo em que as escolas estão arraigadas. Acontece que, para realizar essa reflexão crítica, o docente carece estar apto a compreender, aceitar e se adequar as constantes transformações pelas quais vem passando o processo educacional. Estar aberto às novas propostas educacionais, compreendendo que a sua profissão é imprescindível para que às transformações sociais aconteçam de fato, é papel de todo educador, pois os ideais de mudanças devem nascer na sala de aula, para a partir daí, tomar horizontes que saiam do imaginário para a realidade local.
Diante de um mundo globalizado, se faz urgente novas técnicas educacionais que possam suprir as necessidades que surgem na atual sociedade, uma vez que as informações chegam em tempo real e imediatamente. Não é mais concebido que, com a agilidade dos novos meios de comunicação, a escola continue utilizando apenas o livro didático e o quadro de giz para instruir conhecimentos, concorrendo com a agilidade com que circulam as informações na Internet. É necessário, adequar a instituição aos novos tempos, utilizando todos os meios possíveis para aproximar a escola da realidade e preparar os profissionais em educação para refletirem sobre essa realidade a qual a escola se encontra. Um exemplo de obra que vem auxiliar os docentes é o livro A pedagogia da autonomia, saberes necessários à prática educativa, de Paulo Freire que auxilia os educadores a refletirem sobre a sua prática pedagógica e elaborar questões que amplie o respeito às diversidades, à reflexão crítica vinculadas ao cotidiano dos indivíduos e propostas de transformação social que coloca o homem consciente como peça fundamental, para que as aspiradas modificação ocorram.
A disponibilidade para o diálogo é uma das exigências que o autor menciona como padrão de profissional democrático e participativo. Ao citar “como professor não devo poupar oportunidade para testemunhar aos alunos a segurança com que me comporto ao discutir um tema, ao analisar um fato, ao expor minha posição em face de uma decisão governamental. Minha segurança não repousa na falsa suposição de que sei tudo, de que sou o“maior”. Minha segurança se funda na convicção de que sei algo e de que ignoro algo a que se junta a certeza de que posso saber melhor o que já sei e conhecer o que ainda não sei”, (p.135) enfoca a intensidade  que tem o docente, ao perceber que não é necessário sentir vergonha por desconhecer algo, que é possível se preparar para  inovar a cada dia, e aprender a todo tempo, desde que haja estimulo para que isso aconteça.
Nessa obra, Freire enfatiza a importância de uma educação sem preconceitos, que esteja a serviço do pensar consciente e que as ações transformadoras possam estar freqüentemente presentes e embasadas na ética, na justiça e na paz entre os povos, pois só assim, a tão almejada mudança social acontecerá, produzindo mais igualdade e respeito.




Bibliografia
FREIRE, Paulo Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

EQUIPE: Alexandre Teixeira dos Santos, Neviton Reis de Souza, Nilda Pinheiro Fraga, Roseane Alves de Sousa







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